quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

mais uma manha









Mais uma manha em que acordei ao teu lado.
Uma manha sem pijama. Pele na pela. Dois corpos quentinhos, debaixo de uma montanha feita de penas.
O habitual cigarro. A habitual vista da minha cama, para o teu rabo perfeito a baloiçar no parapeito da janela. 
Sem mensagens, nem telefonemas para fingirmos que estamos perto um do outro. Porque estamos mesmo. E a mim, parece-me que vai ser sempre assim.

domingo, 18 de dezembro de 2011

morreu

Olha, morreu.
De que? De uma merda. E mais valia pensar que foi de amor, ou que foi uma trituradora gigante ultilizada por aliens. Mas não. Limitou-se a cair e a morrer. Sem dizer que não queria, sem ninguem o ter tentado impedir.
Tinhas que idade? 15 anos.
E penso agora que a vida é assim. De um momento para o outro. Na instantaniedade de segundos. Sem parar, sem nem sequer abrandar. Sem pudermos fazer nada.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

os olhos dela











Era uma rapariga triste, nao nas lágrimas, não nos lamentos, mas nos olhos. Eram olhos tristes. Acima de tudo olhos cansados. Olhos que fingiam estar alegres.
Um entre muitos vicios, o chocolate. Tinha um nome feio. Os lábios finos a condizer com os dedos gordos na presença de uma quase inexistente unha. Não sei se quem as roia era ela ou a tristeza.

Sempre olhei para ela como um ser estranho, irritante. De cabelo azul, com varia tonalidades e lábios vermelhos a descondizer. Mas depois sabem o que ela me disse? Que nao queria de forma alguma ter filhos ou marido.

Foi entao que percebi. Que os olhos dela, eram olhos de quem nao ama. Mas principalmente olhos, de quem não é amado.

domingo, 11 de dezembro de 2011

miuda sem tino












Era uma vez uma miuda estupida. Daquelas sem tino. Tinha umas mamas grandes, vá. Não se percebia se era bonita ou nao porque o seu ego irrefutavel tapava tudo o que pudesse fazer dela uma menina diferente, mesmo que não um diferente bonito, ou diferente pelo qual eu ou outra pessoa se pudesse apaixonar.
Escrevia sem ou quase sem nenhuns acentos. Como se tivesse o seu proprio acordo ortografico, mais ridiculo ainda do que o verdadeiro.
Mas tudo nela era assim. Com um piquinho de azedo, de oco, de amargo, de solidão, de patético, de ridiculo.

Uma miuda que so servia para por na prateleira, ou entao so a prateleira e que servia.

sábado, 10 de dezembro de 2011

adormeceram





Ela queria dizer algo ao mundo. Tudo o que ela achava, tudo o que todos precisavam de saber.
Ela chamava-se Maria. Com m grande.
Um dia na ronha matinal da cama, discutiram sobre tudo o que havia para discutir. As politicas dela, as crenças dele, todas as teorias conspiracionais que ambos conheciam. Criaram um laço mais forte. Criavam sempre.
Olharam um para o outro e foderam. Não gostavam de fazer amor, isso era coisa para meninos.
No fim souberam que eram perfeitos.
- Amo-te Maria.
- E eu a ti.

Adormeceram e atrasaram-se para tudo. Mas não fazia mal.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

na cama








Falamos baixinho, nós. Estamos os dois na cama. (Semi) Reconciliados. Sabes tão bem quanto eu o que é o amor e essas coisas todas. Mas às vezes, torna-se mais difícil do que pudemos suportar. E aí, resolves tudo comigo na cama. Ainda não percebi se gosto ou se não.
É esse teu método de me hipnotizares. Nunca falha para ti. E eu acabo sempre por falhar na missão implacável de fingir que nem sequer gosto um bocadinho de ti.
Conversas parolas. Quem sabe.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

erro de percurso











Contou-me por linhas e frases soltas, que eu tinha sido a decisão.
Contou-me e lembro-me de todas as festas. De todas as chamadas que nao atendia por a noite já estar no seu meio final. Mas via tudo quando acordava.
Foste aquilo de que li nos livros. Um rapaz parvo de olhos verdes, que fez de si tudo o que não. Pergunto-me se quando falavas comigo estavas sobre o efeito de pastilhas ou de coca?
Já nada disso interessa agora, é certo. Mas sempre que me lembro preciso de falar contigo. Como se tudo nao tivesse passado de um erro de percurso.
E, se eu tivesse ficado?